Mais um filme baseado numa história verídica. Este conta-nos a história das elites do exército americano que participam na Guerra da Somália (1992-1993), de modo a restaurar novamente a ordem. Estas elites são a Força Delta, os Rangers do Exército e os 160 SOAR. Ridley Scott aborda na película a luta que estas elites terão que travar com os civis de Mogadíscio, de modo a sobreviverem. Valores como a compaixão, a entreajuda, a lealdade, a coragem e a esperança são vinculados no mesmo. O espetador vai encontrar-se também numa luta interior, entrando na história do filme de uma forma quase inconsciente. Temos bastantes atores prestigiados como Josh Hartnett, Ewan McGregor, Eric Bana, William Fichtner, Sam Shepard e Orlando Bloom. Estes vão mostrar que são verdadeiros guerreiros e que, apesar das adversidades, a esperança não morre. O filme conta com uma narrativa do linear, na medida em que a mesma é contada com continuidade espácio-temporal. Quanto aos planos, temos enquadramentos médios, aproximados, de conjunto e americanos. Quando à angulatura, pode-se dizer que o filme tem prodominância para os planos picados e frontais. No que diz respeito à luz, a mesma várias vezes é quente, para acentuar expressividade ao filme, e outras vezes é fria, para demonstrar a noite e acentuar um ar dramático ao mesmo. A banda sonora conta com um compositor fenomenal, Hans Zimmer. Como já foi dito acerca do filme anterior, O Último Samurai (2003), as músicas deste filme dão uma grande expressividade à película, acentuando as emoções dos atores, transparecendo, de uma forma eficaz, para o espetador. Ridley Scott é um realizador bastante conceituado no mundo da sétima arte, e já fez filmes de grande sucesso como Gladiador (2000), Hannibal (2001), Gangster Americano (2007), A Presa (2011) e Blade Runner (1982). Veja o trailer:
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Consegue-se imaginar a perder todos os sentidos que tem, gradualmente?
Susan (Eva Green) e Michael (Ewan McGregor) não imaginaram perdê-los. O filme centra-se numa epidemia em que toda a população vai perdendo os sentidos, um a um. Susan vai tentar perceber como é que a epidemia surgiu e Michael vai tentar que o restaurante onde trabalha não perca os clientes regulares.
Estes dois estranhos conhecem-se nesta altura e apaixonam-se. Os dois, juntos, vão fazer de tudo para que a epidemia não leve a melhor. Primeiramente a população perde o olfato, chorando incessantemente antes dessa perda. Chorando pelos amores que nunca tiveram, pelas pessoas que perderam, pelas pessoas que já magoaram. Os cientistas e o governo chamam a esta perda SOS (Síndrome Olfativo Severo). No entanto, as pessoas habituam-se e seguem as suas vidas sem terem olfato. Seguidamente, perdem o paladar. Primeiro vem o pânico. As pessoas comem de tudo e só depois vem a perda deste sentido. Ainda assim, a vida continua. É quando perdem o sentido auditivo que as coisas se complicam. Antes de perderem este sentido, toda a população mundial entra em crise e parte para a violência. Só depois percebem que não ouvem rigorosamente nada. E aqui o filme deixa de ter som. Susan e Michael separam-se nesta altura.
Depois de perderem a audição, resta um sentido. A visão. E o filme acaba com o filme a perder imagem, ficando apenas um fundo preto. Só se ouve a narradora do filme, Susan dizendo que se o espetador conseguisse ver, veria dois amantes normais, beijando-se e tocando no rosto um do outro. E é quando o espetador perde também a audição e visão do filme que percebe o que as personagens sentem. E é um sentimento avassalador, ter dez minutos de filme apenas com imagens, e sem som. É um sentimento de impotência enorme.
O realizador David McKenzie conseguiu fazer um filme excecional, com personagens fantásticas, que conseguiram trespassar todos os seus sentimentos para o ecrã. Este filme tenta mostrar que, mesmo com o mundo a desabar com a epidemia que sofre, ainda existem valores como a esperança, a entreajuda, compaixão e o amor. E que, mesmo com a total ausência de sentidos, é possível sentir. Nem que seja uma respiração.
Fica aqui a última fala do filme: "It's dark now. But they feel each others' breath. And they know all they
need to know. They kiss. And they feel each others' tears on their
cheeks. And if there had been anybody left to see them, then they would
look like normal lovers, caressing each others' faces, bodies close
together, eyes closed, oblivious to the world around them. Because that
is how life goes on. Like that".
Veja o trailer:
Recursos Expressivos e linguagem:
O filme Perfect Sense está repleto de cor e contraste, principalmente na comida. Isto para dar expressividade ao mesmo. O filme começa com uma cena em que se faz uma apresentação à comida, à luz, aos restaurantes e às doenças. Logo aqui, faz uma breve apresentação dos protagonistas, através dos dois últimos. A montagem da película é alternada, uma vez que mostram a mesma perspetiva, no mesmo tempo, em diferentes lugares. Os planos que predominam são os médios e grande planos, com ângulos frontais, plongé e contre-plongé.
O filme conta com vários jump-cuts, para dar continuidade num mesmo ambiente, dentro da cena. Tal é visível na cena em que Michael está na cozinha a fazer experimentações com a comida. A luz natural é bastante percetível em todo o filme e o mesmo detém de uma profundidade de campo bastante nítida, tendo assim uma distância focal do tipo deep focus. Pode-se constatar tal nitidez na cena em que Michael anda de barco e aparece em primeiro plano, embora o que está por trás seja bastante visível.
Já a banda sonora, é extraordinária. Aparecem nos planos onde o desespero é nítido e quando as emoções estão no seu auge.