segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

If I Stay (2014)




Durante toda a nossa vida existem perguntas que pairam sobre nós nos momentos mais aborrecidos e desanimados dos nossos dias: o que é que aconteceria se eu estivesse quase a morrer? Quem é que se iria, realmente, importar e quem é que iria sofrer com a minha partida? Como seria a vida dessas pessoas sem a minha presença?
Bom, R. J. Cutler retratou estas perguntas num único filme, e com sucesso. O realizador criou uma utopia entre a vida e a morte, conseguindo juntar, na perfeição, esta antítese num drama apaixonante.
Os personagens são de tal modo envolventes e carismáticos que sofremos as suas dores e conquistas. Por um lado, temos a protagonista, Chloë Grace Moretz - a menina de "A Invenção de Hugo Cabret" -, que encarna a dócil e angelical Mia, uma adolescente que nutre uma paixão por música clássica e, mais concretamente, por violoncelo, que tocou durante toda a sua vida. Mia apaixona-se por Adam (Jamie Blackley), um jovem roqueiro mais velho que Mia, que tem uma banda de garagem e que, rapidamente, vai ganhando reconhecimento em editoras. Por outro, temos os pais de Mia, que são também o seu oposto: Kat (Mireille Enos), a sua mãe, uma feminista que é mãe a tempo inteiro e que vive a vida a cada dia, e depois Dennis (Joshua Leonard), um pai (também ele) roqueiro que tinha a sua banda de garagem - sacrificando-a pelos seus filhos - e também ele vivia um dia de cada vez. Os seus pais são liberais, extrovertidos e, acima de tudo, amigos de Mia e do seu irmão, Teddy (Jakob Davies). 
O início do filme serve para perceber a união que toda aquela família tem e também as divergências entre Mia e os pais. 
Mia pensava que tinha tudo planeado mas, como tudo na vida, coisas más acontecem e um tufão pode mudar tudo da noite para o dia. Foi Kat quem ensinou isso a Mia, e a jovem parece ter aprendido bem esta lição. Mas aprendeu da pior forma possível: num acidente de carro que vitimou os seus pais e irmão, deixando-a entregue a ela própria, numa luta entre a vida e a morte. 
E é nesta altura que Mia se confronta com a sua própria batalha e também com toda a sua vida. Mia sai do seu próprio corpo e assiste à sua luta na primeira pessoa, como se fosse até a sua alma a vivenciar aquela experiência. A angústia de saber que ficou orfã e sem o irmão faz com que ela queira desistir de viver, mas deverá ela fazer isso? São estas as perguntas que a protagonista faz a ela própria ao longo do filme.
Para nos prender ao ecrã, R. J. Cutler recorre a flashbacks que Mia vai tendo, de modo a tentar perceber realmente o que deve fazer. Nestes momentos, o espetador pode perceber como a sua paixão com Adam surgiu e como ela aprendeu a viver com as divergências com os pais. Também Mia percebeu muito ao recordar-se do seu último ano e meio: o seu talento ao tocar violoncelo, a paixão que a sua família e amigos tem por ela e também o amor que une Adam a Mia, apesar das diferenças que ambos têm. 
O realizador foi soberbo ao aliar a visão de Mia sobre o seu estado, na primeira pessoa, com a viagem que a mesma tem ao longo da sua vida com a sua família e namorado.

Ao longo do filme percebemos como os pais de Mia são liberais com ela e como exigem que ela seja feliz. R. J. Cutler escolheu a palavra "amor", para resolver os problemas existenciais em torno da decisão crucial que Mia tem que tomar e é com base nesse sentimento que a protagonista toma a sua decisão. "Amor" pela família, pela música e por Adam.



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