domingo, 30 de junho de 2013

Spartacus (2010)

Aqui vai um post sobre uma série e não um filme, como habitualmente faço. Descobri esta série recentemente e deixou-me colada ao ecrã. E digo isto no bom sentido. A sua história, inspirada em factos verídicos, os seus atores e os seus brilhantes papéis, os seus efeitos visuais que não ficam aquém do filme "300", de Zack Snyder e os seus plot-twists, deixam qualquer pessoa de boca aberta. Também as cenas mais adultas deixam qualquer um de boca aberta.
Spartacus trata a história de um homem, cuja mulher lhe é arrancada dos braços, pela ordem de Gaius Claudius Glaber (Craig Parker, O Senhor dos Anéis). A ação começa aqui, pois é neste instante que Spartacus, protagonista do filme, é levado para a casa de Batiatus (John Hannah, A Múmia),  um homem que era dono de vários gladiadores. Treinado por Oenomaus (Peter Mensah), o jovem Spartacus torna-se num gladiador famoso e jura vingar a morte de Sura, sua mulher.
Esta vingança leva a que todos os gladiadores e escravos de Cápua (cidade italiana) lutem pela sua liberdade, dando início a uma guerra com Roma e os seus senados.
A série mistura ação com várias histórias de amor, como a de Crixus (Manu Bennett) e Naevia (Cynthia Addai-Robinson). Junta também várias estratégias para as pessoas subirem ao poder, passando por cima de tudo e todos para que tal aconteça. Estas estratégias, juntamente com a sede de matarem Spartacus levarão a que a trama tenha vários acontecimentos imprevistos, que o espetador não está à espera, tendo vários plot-twists, como falei anteriormente. Pode contar com efeitos visuais excelentes, desde sangue a saltar para o ecrã, como se de uma série 3D se tratasse. A música fica no ouvido, e o compositor Joseph Loduca é estonteante, fantástico. Compôs das melhores músicas para a série, e podem ser destacadas "No Life Without You", "Rain at Last" e "Six Against One". Quanto aos planos, estes são várias vezes de conjuntos e aproximados, para mostrar a expressividade dos atores. Já a luz da série é quente, uma vez que temos cores como o âmbar, o vermelho e o bege.
Estou a falar de uma série que retrata de uma forma clara e explicita a vida antiga, onde se idolatravam os Deuses. O sexo é feito em qualquer esquina, à frente de qualquer pessoa, sem pudor nenhum, facto que também se verificava nessa época. Daí esta série não ser recomendada a crianças e pessoas sensíveis.
O resto do julgamento fica a vosso critério.

Curiosidades:
A primeira temporada de Spartacus teve como protagonista Andy Whitfield, que fazia o papel de Spartacus. Após 18 meses de luta contra um linfoma non Hodgkin, o ator australiano não sobreviveu, tendo que fazer este papel o ator Liam McIntyre, não deixando nada a desejar.
A atriz Lucy Lawless, que interpreta Lucretia, a mulher de Batiatus, protagonizou a série bastante famosa "Xena, a guerreira", dos anos 90.


Veja o trailer:
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sexta-feira, 21 de junho de 2013

WWZ (2013)

Acabadinho de sair nas salas de cinema portuguesas e é já um sucesso. Pelo menos os comentários ouvidos pelo público que foi ontem ver o filme foram tudo, menos negativos. A sala de cinema estava cheia, o que é ótimo, visto estarmos num país onde cada vez mais se pirateiam películas.
 WWZ conta a história de um vírus da raiva que se apodera dos humanos, transformando-os em algo, no minimo, tenebrosos. Este vírus tem a capacidade de se propagar no corpo humano em 11 segundos. Desta forma, podemos constatar que a população mundial sofrerá uma queda fenomenal com este tempo recorde de desenvolvimento do mesmo.
Brad Pitt (Clube de Combate, 1999), ex-membro da ONU, vai ajudar os exércitos a combaterem esta nova espécie, que se alastra a uma velocidade estonteante, indo para o epicentro do vírus. Será que o humano consegue vencer a Natureza e, mais uma vez, vencer o invencível?
Com um papel brilhante, Brad Pitt parece não envelhecer, mostrando que é capaz de fugir e lutar por ele, pela sua família, pela família dos outros e, pelo mundo, quiçá.
Mostrando valores como a paixão pelos seus, a entreajuda e coragem, o filme leva-nos para um sítio sombrio, onde o refúgio parece a melhor solução. Resta saber se esta guerra mundial conseguirá ser cessada.
Com uma narrativa de tipo linear, este filme mostra-nos uma história sequencial e com continuidade, mostrando como o vírus se começa a alastrar e concluindo-o com um final aberto, onde a subjetividade do espetador impera.
Já a banda sonora, deixa um pouco a desejar, porque é dos únicos aspetos do filme que não me consigo recordar, embora tenha noção de que foram marcantes o suficiente para mostrar expressividade ao mesmo. No entanto, e para equilibrar a balança, o filme conta com efeitos visuais excelentes, desde o aspeto físico das pessoas com o vírus, até à forma como se movimentam. 
Recomento este filme para quem quiser sentar-se e apreciar duas horas de ação ininterruptas. E para quem quiser assustar-se de vez em quando, porque este filme também tem esse poder. Quem aprecia a série Walking Dead, 2010 e Children of Men, 2006, esta é uma ótima oportunidade para ver estilisticamente a junção destas duas obras e apreciar a história.
O realizador também não fica aquém deste excelente filme. Marc Forster fez filmes de sucesso como Finding Neverland (2004) - com o querido Jonnhy Depp e a grande Kate Winslet. 
Curiosidades acerca do filme: WWZ foi inspirado num romance literário de Max Books e teve um orçamento de 125 milhões de dólares para ser feito.  

Veja o trailer:


Saiba mais sobre o filme, clicando aqui.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Black Hawk Down (2001)

Mais um filme baseado numa história verídica. Este conta-nos a história das elites do exército americano que participam na Guerra da Somália (1992-1993), de modo a restaurar novamente a ordem. Estas elites são a Força Delta, os Rangers do Exército e os 160 SOAR. Ridley Scott aborda na película a luta que estas elites terão que travar com os civis de Mogadíscio, de modo a sobreviverem. Valores como a compaixão, a entreajuda, a lealdade, a coragem e a esperança são vinculados no mesmo. O espetador vai encontrar-se também numa luta interior, entrando na história do filme de uma forma quase inconsciente. Temos bastantes atores prestigiados como Josh Hartnett, Ewan McGregor, Eric Bana, William Fichtner, Sam Shepard e Orlando Bloom. Estes vão mostrar que são verdadeiros guerreiros e que, apesar das adversidades, a esperança não morre.

O filme conta com uma narrativa do linear, na medida em que a mesma é contada com continuidade espácio-temporal. Quanto aos planos, temos enquadramentos médios, aproximados, de conjunto e americanos. Quando à angulatura, pode-se dizer que o filme tem prodominância para os planos picados e frontais.
No que diz respeito à luz, a mesma várias vezes é quente, para acentuar expressividade ao filme, e outras vezes é fria, para demonstrar a noite e acentuar um ar dramático ao mesmo.
A banda sonora conta com um compositor fenomenal, Hans Zimmer. Como já foi dito acerca do filme anterior, O Último Samurai (2003), as músicas deste filme dão uma grande expressividade à película, acentuando as emoções dos atores, transparecendo, de uma forma eficaz, para o espetador.

Ridley Scott é um realizador bastante conceituado no mundo da sétima arte, e já fez filmes de grande sucesso como Gladiador (2000), Hannibal (2001), Gangster Americano (2007),  A Presa (2011) e Blade Runner (1982).

Veja o trailer:



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segunda-feira, 10 de junho de 2013

O Último Samurai (2003)

Baseado na história verídica do século XIX, quando o Japão se entregou às demandas dos Estados Unidos da América, tornando-se num país mais ocidental, mesmo com a oposição dos samurais.
O filme conta a história de Nathan Algren (Tom Cruise), um militar que participou na Guerra Civil Americana (1861-1865). Este é chamado para treinar o exército japonês contra os samurais. No entanto, em confronto com os samurais, Nathan Algren é apanhado pelos samurais e Katsumoto (Ken Watanabe), chefe dos mesmos, faz do primeiro um prisioneiro na sua aldeia. Este acontecimento faz com que haja plot-twist na película, que prenderá o espetador aos hábitos e valores dos samurais. 
Uma história verdadeiramente aliciante e apaziguadora, que nos faz querer viajar entre imagens e sensações. Valores como a honra, a entreajuda, a lealdade, o perfecionismo e a coragem. Sensações de paz, de alma e a nível físico. 

O filme conta com uma narrativa do tipo linear, visto que há continuidade no filme. Quanto aos enquadramentos, os predominantes são os médios, os de conjunto e os americanos. Os ângulos dos planos são praticamente todos frontais. Há, neste filme, um ponto obrigatório a abordar: a banda sonora. Esta foi composta por Hans Zimmer, um grande compositor que já trabalhou para filmes como Black Hawk Down (2001) e Gladiador (2000). As músicas deste filme dão uma grande expressividade aos momentos do mesmo, transpondo as emoções dos personagens para o ecrã de uma forma estonteante. Tal é visível nas cenas em que é demonstrado o estilo de vida dos samurais e nas sequências em que existe um clímax demasiado expressivo. 
No que diz respeito à montagem, esta é visível, uma vez que o espetador pode reparar nos cortes entre planos que existem. Pode-se perceber isso na cena em que Katsumoto fala com os seus dois companheiros, e aqui são percetíveis os cortes entre os planos que existem entre as três personagens, alternando várias vezes de um plano para o outro.
Quanto à profundidade de campo, pode-se dizer que o filme tem uma profundidade tipo deep focus, uma vez que o que está em segundo plano é totalmente nítido. Tal é percetível na cena em que Nathan Algren treina o exército japonês. Já a luz, esta é várias vezes natural, e outras vezes são utilizadas luzes quentes, para o filme ter uma maior expressividade de calma durante o filme.

É de salientar que O Último Samurai foi o primeiro filme americano em que o ator Ken Watanabe trabalhou. A partir de então já entrou em filmes de extremo sucesso como Batman Begins (2005) A Origem (2010), ambos feitos por Christopher Nolan. 
O realizador deste filme, Edward Zwick, merece todos os créditos e críticas de que foi alvo. Fez um trabalho extraordinário, juntando uma excelente história a uma excelente montagem. O mesmo já realizou filmes como Diamante de Sangue (2006) e Um ato de Liberdade (2008).


Veja o trailer:



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quinta-feira, 6 de junho de 2013

Ganhar a Vida (2001)

 Depois da guerra colonial, vários foram os portugueses que emigraram para França. João Canijo traz-nos um filme que aborda as questões sociais e familiares dessas comunidades lusófonas num país diferente do delas. Cidália Ribeiro (Rita Blanco) é a protagonista do filme. A estória deste centra-se na busca incessante do assassino pela morte do seu filho Álvaro, e na revolta por viver numa comunidade atávica, parada no tempo. Comunidade essa que prefere ficar no anonimato, sem ser notada pelos outros.
A protagonista vai tentar fazer justiça pelas próprias mãos, reivindicando o direito de se poder expressar no país onde reside, sem ter medo das consequências. A mesma vai fazer o que outros portugueses emigrantes nunca fizeram: lutar pelo que acha correto. 
Mesmo que a comunidade em que está inserida não entenda e a exclua, Cidália vai afirmar-se enquanto pessoa, tendo um pensamento que a fará ganhar a vida.
Com uma narrativa de tipo linear, ou seja, contada de forma sequencial, sem cortes no tempo,  João Canijo traz-nos um filme onde tenta retratar uma realidade que vivenciou durante dois anos, enquanto fez pesquisa in loco para a película. Esta realidade é percetível através das técnicas que usou para o filme. Estas centram-se na preferência pelas filmagens feitas no exterior, predominância da luz natural ao longo do filme, takes longos, ou seja, poucas mudanças no que diz respeito aos planos. Isto serve para o filme ter uma continuidade espácio-temporal, sem cortes.
Já a banda sonora é bastante diversificada e tem um grande significado. Temos então músicas portuguesas como “Na minha sombra” da cantora Romana, percetível quando Cidália está no carro a ouvir rádio, ou no baile, quando a cantora canta ao vivo para a comunidade as músicas “Não és homem pr’a mim” e “Já não sou bebé”. Temos também a presença do músico Alexandre Soares, pertencente a uma banda originária do Porto, Três Tristes Tigres. Alexandre Soares compôs a música “Fome de Femme” e não foi a primeira vez que havia trabalhado com João Canijo. Temos uma música francesa, intitulada de “Quartiers du Nord”, de Émilie Jacques. Temos também o fado “Com que voz”, interpretado por Rita Blanco. A banda sonora do filme serve de crítica social à comunidade portuguesa, presa nos costumes lusófonos, uma vez que as músicas da cantora Romana, têm um significado. Esse significado remete para o atavismo vivenciado pela comunidade, parada no tempo e com os hábitos de bailes idênticos aos do país de origem.

Este filme marca um virar no «novo cinema» português, marcado pelos filmes de autor, tal como este é. O autor desta obra trouxe-nos uma Cidália baseada na história grega Antígona, marca simbólica de João Canijo nos seus filmes. O hiper-realismo e a alusão das mulheres como heroínas nos seus filmes, fazem a sua marca autoral, dando-lhe um grande reconhecimento no cinema. Este filme esteve no Festival de Cannes e tem como produtor Paulo Branco, um reconhecidíssimo produtor que esteve ao lado de grandes autores, como Manoel de Oliveira.

Veja o trailer do filme:



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sábado, 1 de junho de 2013

Perfect Sense (2011)

Consegue-se imaginar a perder todos os sentidos que tem, gradualmente?
Susan (Eva Green) e Michael (Ewan McGregor) não imaginaram perdê-los. O filme centra-se numa epidemia em que toda a população vai perdendo os sentidos, um a um. Susan vai tentar perceber como é que a epidemia surgiu e Michael vai tentar que o restaurante onde trabalha não perca os clientes regulares.
Estes dois estranhos conhecem-se nesta altura e apaixonam-se. Os dois, juntos, vão fazer de tudo para que a epidemia não leve a melhor. Primeiramente a população perde o olfato, chorando incessantemente antes dessa perda. Chorando pelos amores que nunca tiveram, pelas pessoas que perderam, pelas pessoas que já magoaram. Os cientistas e o governo chamam a esta perda SOS (Síndrome Olfativo Severo). No entanto, as pessoas habituam-se e seguem as suas vidas sem terem olfato. Seguidamente, perdem o paladar. Primeiro vem o pânico. As pessoas comem de tudo e só depois vem a perda deste sentido. Ainda assim, a vida continua. É quando perdem o sentido auditivo que as coisas se complicam. Antes de perderem este sentido, toda a população mundial entra em crise e parte para a violência. Só depois percebem que não ouvem rigorosamente nada. E aqui o filme deixa de ter som. Susan e Michael separam-se nesta altura.
Depois de perderem a audição, resta um sentido. A visão. E o filme acaba com o filme a perder imagem, ficando apenas um fundo preto. Só se ouve a narradora do filme, Susan dizendo que se o espetador conseguisse ver, veria dois amantes normais, beijando-se e tocando no rosto um do outro. E é quando o espetador perde também a audição e visão do filme que percebe o que as personagens sentem. E é um sentimento avassalador, ter dez minutos de filme apenas com imagens, e sem som. É um sentimento de impotência enorme.
O realizador David McKenzie conseguiu fazer um filme excecional, com personagens fantásticas, que conseguiram trespassar todos os seus sentimentos para o ecrã. Este filme tenta mostrar que, mesmo com o mundo a desabar com a epidemia que sofre, ainda existem valores como a esperança, a entreajuda, compaixão e o amor. E que, mesmo com a total ausência de sentidos, é possível sentir. Nem que seja uma respiração.
Fica aqui a última fala do filme: "It's dark now. But they feel each others' breath. And they know all they need to know. They kiss. And they feel each others' tears on their cheeks. And if there had been anybody left to see them, then they would look like normal lovers, caressing each others' faces, bodies close together, eyes closed, oblivious to the world around them. Because that is how life goes on. Like that".

Veja o trailer:






Recursos Expressivos e linguagem:
O filme Perfect Sense está repleto de cor e contraste, principalmente na comida. Isto para dar expressividade ao mesmo. O filme começa com uma cena em que se faz uma apresentação à comida, à luz, aos restaurantes e às doenças. Logo aqui, faz uma breve apresentação dos protagonistas, através dos dois últimos. A montagem da película é alternada, uma vez que mostram a mesma perspetiva, no mesmo tempo, em diferentes lugares. Os planos que predominam são os médios e grande planos, com ângulos frontais, plongé e contre-plongé.
O filme conta com vários jump-cuts, para dar continuidade num mesmo ambiente, dentro da cena. Tal é visível na cena em que Michael está na cozinha a fazer experimentações com a comida. A luz natural é bastante percetível em todo o filme e o mesmo detém de uma profundidade de campo bastante nítida, tendo assim uma distância focal do tipo deep focus. Pode-se constatar tal nitidez na cena em que Michael anda de barco e aparece em primeiro plano, embora o que está por trás seja bastante visível.
Já a banda sonora, é extraordinária. Aparecem nos planos onde o desespero é nítido e quando as emoções estão no seu auge.


Para saber mais sobre o filme, clique aqui.
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